Workshop: Práticas de criar corpo-dança – Sofia Neuparth
Date
- Nov 06 - 08 2023
- Expired!
Time
- 10:00 am - 5:00 pm
The event is finished.
Práticas de criar corpo-dança
A dança nasce cada dia, nasce como uma forma de ir-sendo que se dá ao aparecer mais ou menos visivelmente a cada momento. Acompanhar esse nascer é delicioso! Apurar o sentir é uma prática diária. Um sentir que se adensa sem um objectivo preciso, sem um foco prédefinido, antes se apura na atenção viajante saboreando o encontro com o acontecer. A luz que se esbate numa esquina, a temperatura que ondula entre o ar da sala e o ar do interior da boca, os olhos que se fazem mais ou menos esféricos, a subtileza de um cheiro que passa, a possibilidade de ouvir através de ouvir, navegando por entre as ondas de som que se vão desenhando, escutando o contínuo chegar da pele da terra à pele da planta do pé…
Permitir-me estar com as subtilezas, os silêncios, o entre-corpos e também os ritmos, as gargalhadas, o nascer da voz mais muda ou mais falante.
Cada dia demoraremos com esse corpo sensível e poroso que se entretece com o nascer contínuo do mundo que vai sendo mundo.
Muitas das práticas que dançamos vão-se desenhando a partir da experiência da dança lado a lado com o estudo da viagem embrionária. Movimentos como expandir-enrugar, gerar espaço, irradiar desde um centro móvel ao que vão sendo as bordas e voltar a centrar, embalar longitudinal ou lateralmente, enraizar-levitar, empurrar-puxar…fazem-se gesto e geram dança.
Também cada dia com certeza a caneta escreve, a boca fala, a dança escorre, o pensamento ondula e a existência experimenta existir intensamente.
Datas: 6,7 e 8 de Novembro
10h às 13h | 14h às 17h
Local: Trust Collective | Rua Albertino Madeira, 76 | 3305-020 Barril de Alva
https://maps.app.goo.gl/BBTTuKwbyceb13t37
Inscrições: por email politicasepraticasdaamizade@gmail.com ou mensagem/whatsapp 967 385 810
Avisos:
Estacionamento local na rua principal.
Utilização de casa de banho seca.
Tragam agasalhos, mantas e chá.
BIO:
Sofia Neuparth tem um percurso singular no seio da Arte Contemporânea em Portugal. É o entendimento que tem do Corpo como acontecimento em relação que determina toda a sua acção, quer a nível do trabalho de formação que desenvolve desde o início de 80, à
programação da estrutura profissional que co-criou e dirige. Foi assim que no final dos anos 80 deu forma a um espaço de investigação, experimentação, formação, criação e documentação artísticas que sustenta as práticas nos estudos do Corpo, do Movimento e do
Comum: o c.e.m-centro em movimento. Da programação regular do organismo c.e.m destaca o o Espaço Experimental (existente desde 1993), o trabalho com a cidade desde 2005 (Pedras-práticas com pessoas e lugares), os programas de investigação/criação/formação (como O Risco da Dança, a FIA ou a DEMORA) que têm vindo a ganhar forma desde o final dos anos 90, e o constante acompanhamento lado-a-lado de caminhos de experimentação e criação.
Professora, investigadora e criadora, nutre a reflexão continuada a que se dedica, exercitando a geração de mundos possíveis e praticando a Arte enquanto forma fundamental de Conhecimento. Activamente activa e crítica na relação com a geração de políticas (não só culturais) que tendam a sufocar a vitalidade da existência, esteve na criação da APPD (Associação Portuguesa para a Dança) e da REDE- Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea que co-dirigiu durante vários anos e continua atenta e participante na geração de formas de ir-sendo implicadas e vibrantes. Mantém aberta a experiência da dança no encontro com outras formas de conhecimento como a embriologia ou a filosofia de onde emergiram criações como “mmm-um poema físico” (2005), “práticas para ver o invisível e guardar segredo”(dança-livro 2010), “ 1 ou 2 contentamentos comedidos”(2011), ou “Sopro” (2017-com Margarida Agostinho e Bruno de Azevedo) ou as publicações (“escritas em estado de dança”) como “movimento”2014 ou “Criação” 2020, este último com Margarida Agostinho.